Os recursos biológicos, tais como microrganismos e seus derivados, são a matéria-prima essencial para o avanço da biotecnologia, saúde humana e sistemas alimentares e para a investigação e desenvolvimento nas Ciências da Vida e bioindústrias.

Os produtos derivados de microrganismos incluem fármacos, antimicrobianos, biopesticidas e biofertelizantes, biomassa e enzimas industriais. O seu uso inclui fermentações do vinho e da cerveja, biocontrolo de pragas, produção de biocombustível, etc. Recursos mais bem geridos promovem novas descobertas e o desenvolvimento de soluções inovadoras e produtos para as Biotecnologias, estimulando a bioeconomia. A biodiversidade microbiana ainda é bastante desconhecida e somente cerca de 1% foi cientificamente descrita, e uma pequena parte desta preservada em repositórios biológicos chamados coleções de cultura (CCs). Quando as CCs estabelecem sistemas de gestão da qualidade e trabalham sob um quadro legal, isso origina um conceito mais avançado, definido como centros de recursos microbiológicos (CRBs). Na região Norte de Portugal, existem 4 CCs (UM-MUM, UM-CDB, LEGE-CIIMAR e CIMOCC-IPB), com uma estimativa aproximada de 5000 estirpes abrangendo diferentes grupos taxonómicos. Estas CCs estão ligadas a atividades de investigação e atividades públicas de serviços. O panorama neste campo vai desde CCs antigas para as mais recentes; com grupos taxonómicos diversificados ou grupos mais restritos; e com diferentes níveis de organização e gestão da qualidade. Esta heterogeneidade e fragmentação representam uma limitação para o desenvolvimento das ciências da vida, da saúde, dos sistemas alimentares e da biotecnologia. Associado a este cenário, as 4 CCs não estão digitalizadas e estão sem presença online, ou seja, sem e-catálogos. Apenas UMMUM e LEGE-CIIMAR têm e-catálogos. As CCs têm trabalhado em conjunto na Rede Portuguesa de CRBs (https://mbrcn.pt/) para implementarem o nó nacional da Infraestrutura de Investigação de Recursos Microbianos (MIRRI, www.mirri.org) e estas 4 CCs, localizadas na região Norte, para implementarem o MIRRI-PT-Polo Norte.
Este projeto visa unir as 4 CCs e promover a ligação entre o MIRRI-PT-Polo Norte e as comunidades de utilizadores de microrganismos através de um portal comum. Para construir esta rede, é necessário estabelecer um e-catálogo único e fornecer serviços comuns. O controlo e a garantia de qualidade precisam de ser implementados dentro do consórcio para definir procedimentos comuns baseados em um sistema de gestão de qualidade, garantindo que os recursos microbiológicos e os dados associados tenham alta qualidade e se cumpra com o quadro legal vigente. Com este projeto, o consórcio espera maximizar o impacto estimulando o diálogo, a cooperação e a coordenação entre as partes interessadas em I&D e bioindústrias e tornar-se a força motriz da investigação com foco especial no impacto esperado na bioindústria, com aplicações da biotecnologia e microbiologia no mercado.