As rações para aquacultura, principalmente para espécies carnívoras, estão fortemente dependentes de ingredientes marinhos e de matérias-primas vegetais com elevados impactos ambientais e económicos. A farinha de insetos (FI), recentemente autorizada na UE, é uma matéria-prima inovadora e promissora para alimentação aquática devido ao seu elevado valor nutricional e produção sustentável. Mas os insetos são ricos em quitina e, embora a atividade da quitinase tenha sido observada em algumas espécies de peixes, é comumente assumido que os animais monogástricos não conseguem digerir a quitina. Esta pode interferir negativamente na digestibilidade dos nutrientes, no crescimento dos peixes e atuar como um alérgeno.

Bactérias probióticas (PRO) capazes de produzir quitinases surgem como uma alternativa com enorme potencial para superar os efeitos negativos da quitina. Além disso, os PRO podem também contribuir para a promoção da saúde dos peixes.
Esta proposta é a continuação de um estudo no qual se isolou do intestino do robalo europeu, bactérias formadoras de esporos capazes de produzir quitinases e que cumprem os requisitos mínimos de segurança para serem elegíveis como PRO pela EFSA. Assim, neste projeto, os 2 melhores candidatos a PRO, identificados como Bacillus sp., serão avaliados in vivo considerando o seu potencial em modelar o microbiota intestinal do peixe, visando melhorar a utilização da quitina da ração. Para o efeito será usada uma abordagem multidisciplinar focada no efeito dos PRO na performance zootécnica, eficiência digestiva da quitina, saúde e perfil do microbiota intestinal.
Uma vez que os PRO podem competir com patógenos, produzir compostos antimicrobianos naturais, formar biofilmes ou “quorum-sensing” e melhorar o sistema imunológico do hospedeiro, os efeitos do PRO na resistência a doenças e na função imune serão também avaliados.
É expectável que este projeto forneça à industria da aquacultura um PRO multifuncional capaz de melhorar a utilização da FI em espécies carnívoras e a resistência a doenças, 2 obstáculos ao desenvolvimento sustentável da aquacultura, respondendo à crescente necessidade do mercado europeu por novos e melhores PRO. De facto, dentro da UE, os piscicultores estão atualmente limitados a apenas um PRO aprovado (Bactocell®, Lallemand Inc.) o qual não é um esporulante e não tem como alvo as mesmas problemáticas.