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Eixo microbiota-intestino-cérebro e a regulação do apetite em peixes: modulando a microbiota intestinal através do uso de probióticos

Investigador principal

Investigador

Inês Guerreiro licenciou-se em Biologia Marinha em 2006 e concluiu o mestrado em Aquacultura e Pescas em 2009, ambos na Universidade do Algarve. Em 2016, obteve o grau de doutora em Biologia pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Inês é atualmente investigadora pós-doutorada no CIIMAR. A sua investigação está centrada na nutrição de peixes, nomeadamente no potencial dos hidratos de carbono como fonte de energia, na utilização de ingredientes funcionais (prebióticos, probióticos) para melhorar a produção e bem-estar, ingredientes alternativos para reduzir o uso de farinha de peixe, e nos mecanismos envolvidos na regulação do apetite dos peixes.

EQUIPAS DE INVESTIGAÇÃO:
Nutrição e Bem-estar dos Peixes

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A otimização do crescimento e eficiência alimentar dos organismos aquáticos é um dos principais objetivos da aquacultura. Sendo que o crescimento está relacionado com a ingestão alimentar, perceber a regulação da ingestão assume uma grande importância para o desenvolvimento de estratégias nutricionais que visam melhorar o desenvolvimento e desempenho dos peixes. O conhecimento sobre os mecanismos que regulam a ingestão assume ainda maior importância no contexto da aquacultura, onde os peixes são alimentados com dietas à base de matérias-primas vegetais, cujo valor nutricional é comprometido pela presença de polissacarídeos não amiláceos que não são digeridos pelos peixes, afetando o consumo das dietas e, consequentemente, a performance de crescimento. A composição da dieta também pode afetar a microbiota intestinal, microbiota esta que é capaz de utilizar os polissacarídeos não amiláceos, sendo que já foi demonstrado que a microbiota intestinal está envolvida na regulação do apetite.

Esta proposta visa aumentar o conhecimento sobre a regulação do apetite em peixes, focando na interação com o eixo microbiota-intestino-cérebro, utilizando como modelo a dourada (Sparus aurata), uma espécie de peixe muito importante na aquacultura marinha, com o objetivo final de desenvolver estratégias para melhorar a ingestão de dietas em peixes alimentados com dietas ricas em matérias-primas vegetais.

Com esse objetivo, a regulação do apetite será estudada em peixes alimentados com dietas à base de matérias-primas vegetais suplementadas com dois probióticos, um probiótico bacteriano e um probiótico levedura. A dieta à base de matérias-primas vegetais será desafiante de diversas formas, sendo expectável que afete a diversidade microbiana e a saúde intestinal e consequentemente terá um impacto nos níveis de ingestão.

Este projeto envolve uma estratégia de investigação multidisciplinar, incluindo a avaliação do desempenho de crescimento dos peixes, ingestão e eficiência alimentar, digestibilidade das dietas, atividades de enzimas digestivas, expressão génica e acumulação proteica de hormonas orexigénicas e anorexigénicas no cérebro e tecidos periféricos, diversidade e metabolismo da microbiota intestinal e medição de ácidos gordos de cadeia curta provenientes da fermentação microbiana. A análise da morfologia intestinal, e o estado oxidativo e imune do intestino fornecerá informações complementares sobre o estado de saúde do peixe.

Em resumo, este é um projeto que envolve uma estratégia de investigação multidisciplinar, combinando uma ampla variedade de técnicas. Irá fornecer uma grande quantidade de informações permitindo uma melhor compreensão sobre o papel do eixo microbiota-intestino-cérebro na regulação do apetite como resposta a novas e desafiantes dietas para peixes. Este é um tema ainda pouco explorado em peixes, mas de alta relevância para o desenvolvimento da aquacultura de forma sustentável. Existe informação considerável sobre a utilização de dietas à base de matérias-primas vegetais, os efeitos das bactérias probióticas na microbiota intestinal e, recentemente, também alguma informação sobre a expressão genética de hormonas relacionadas com a regulação do apetite, mas nenhuma dessa informação incide sobre o eixo microbiota-intestino-cérebro em relação ao apetite dos peixes. Além disso, este projeto representa o primeiro esforço para incorporar a comunidade fúngica intestinal num estudo abrangente que elucida o papel do eixo microbiota-intestino-cérebro na regulação do apetite em peixes. Em resumo, este projeto inovador irá, pela primeira vez, explorar a relação entre a taxa de ingestão, o crescimento dos peixes, a composição da microbiota intestinal (tanto bactérias como leveduras) e funcionalidade, regulação endócrina do apetite e estado de saúde. Este projeto contribuirá para o desenvolvimento sustentável da aquacultura, pois irá aumentar os conhecimentos sobre os mecanismos de regulação do apetite em douradas alimentadas com dietas à base de matérias-primas vegetais, e como a ingestão de alimentos pode ser melhorada minimizando o efeito negativo de fatores antinutricionais através do uso de probióticos capazes de utilizar os polissacarídeos não amiláceos.

Equipas de investigação
Nutrição e Bem-estar dos Peixes
Instituição líder
CIIMAR-UP
Programa
FCT
Financiamento
Outros projectos