Em PROBIOVACCINE, propomos desenvolver VACINAS ORAIS para a aquacultura. A ProbioVaccine corresponde à exposição molecular de antigénios na superfície de esporos de estirpes bacterianas probióticas para a sua utilização como veículos de entrega de vacinas orais contra doenças infeciosas bacterianas de organismos aquáticos.
As vacinas orais são muito procuradas pelo sector da aquacultura, que exige estratégias para a administração em massa de antigénios e alternativas às vacinas injetáveis, dispendiosas e trabalhosas. Estas últimas requerem a manipulação individual dos peixes, provocando imunossupressão e mortalidade relacionadas com o stress. Apesar disso, a maioria das tentativas anteriores de obter vacinas orais eficazes em peixes falhou. Uma estratégia possível é a utilização de esporos bacterianos, estruturas extremamente resistentes com amplas aplicações biotecnológicas. Foi demonstrado que os esporos bacterianos, em particular os de Bacillus subtilis, se comportam como adjuvantes de vacinas mucosas em modelos de ratinhos, mas, até à data, esta tecnologia não foi aplicada contra doenças bacterianas em peixes. Para colmatar esta lacuna, desenvolvemos recentemente uma plataforma de vacina baseada em esporos que exibe um antigénio contra a vibriose e descobrimos que é eficaz na proteção do peixe-zebra modelo contra dois agentes patogénicos diferentes de Vibrio. A presente proposta de projeto baseia-se nessa observação preliminar e pretende gerar novos produtos híbridos através da aplicação da tecnologia de exposição de superfície de esporos à superfície de esporos de estirpes probióticas de Bacillus previamente desenvolvidas e patenteadas por nós para a sua utilização em peixes. Desta forma, criaremos um novo conceito, PROBIOVACCINE, que junta as vantagens de um probiótico específico para peixes que possuímos, às possibilidades de vacinação oral que ele traz. A tecnologia proposta tem a perspetiva de ultrapassar as fronteiras das espécies, podendo assim ser aplicada ao controlo de doenças em diferentes espécies de peixes e contra diferentes doenças bacterianas que afetam a sustentabilidade da aquacultura. Para tal, a tecnologia será testada visando 2 importantes agentes patogénicos de peixes com potencial zoonótico, o Gram-positivo Mycobacterium marinum e o Gram-negativo Vibrio anguillarum, e 2 espécies de peixes diferentes: o peixe-zebra de água doce, pela sua importância como organismo modelo amplamente utilizado em todo o mundo e especialmente suscetível a surtos de M. marinum, e uma das mais importantes espécies marinhas de aquacultura, o robalo europeu. Ao fornecer novas armas para combater as doenças bacterianas, que constituem um obstáculo ao desenvolvimento sustentável da aquicultura e uma ameaça para a saúde pública, esta proposta terá um grande impacto na economia e na sociedade. PROBIOVACCINE tem uma equipa multidisciplinar composta por especialistas em bacteriologia, genética microbiana, nutrição de peixes, fisiologia e imunologia de peixes. A equipa é jovem e ambiciosa, complementada por investigadores seniores que contribuirão com apoio científico e gestão de projetos. A rede de colaboração que a equipa tem com as indústrias de nutrição e saúde animal, juntamente com a experiência da equipa em transformar a ciência em propriedade intelectual, prevê que pelo menos um produto comercial derivará deste projeto. O PROBIOVACCINE irá também gerar conhecimento científico fundamental, tanto no que diz respeito à imunologia dos peixes como à vacinação das mucosas, cujos aspectos estão ainda por descobrir. É o caso dos mecanismos que poderiam aumentar as respostas imunitárias desencadeadas pelos antigénios, permitindo-lhes contornar a tolerância intestinal. Finalmente, a PROBIOVACCINA está em conformidade com os objetivos da agenda UN2030, promovendo a saúde pública, contribuindo ao mesmo tempo para acabar com a fome. Por último, uma vez que os agentes patogénicos dos peixes visados no PROBIOVACCINE são agentes zoonóticos emergentes, na atual era pós-antibiótica, em que a diminuição da eficácia dos antimicrobianos pode transformar infecções menores em problemas globais, este projeto está em conformidade com o conceito ONE HEALTH que reconhece a interdependência da saúde humana, animal e ambiental