Investigadores do CIIMAR descobrem quatro novos géneros de cianobactérias e atribuem nome de uma das espécies descobertas ao diretor do centro de investigação.
O CIIMAR-UP acaba de descrever quatro novos géneros de cianobactérias. Em homenagem ao atual diretor do centro de investigação, Vítor Vasconcelos, os investigadores atribuem o nome Vasconcelosia minhoensis a uma das espécies descobertas.
Depois de ter iniciado o que é hoje a coleção de culturas Blue Biotechnology and Ecotoxicology Culture Collection (LEGE-CC), Vítor Vasconcelos vê o seu nome e origem perpetuados através da descrição de um novo género e de uma nova espécie de cianobactéria descritos pela primeira vez por um grupo de investigadores do CIIMAR. A espécie Vasconcelosia minhoensis e o respetivo género estão entre os 4 géneros de cianobactérias descobertas recentemente pelo CIIMAR e publicadas agora, na revista científica Journal of Phycology. Os quatro géneros de cianobactérias foramdescritos no âmbito do trabalho de doutoramento do estudante Flavio Oliveira do CIIMAR e da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto com a cooperação de um grupo de outros investigadores do CIIMAR: Guilherme Scotta Hentschke, João Morais, Raquel Silva, Pedro Cruz e Vitor Vasconcelos, também docente na FCUP.
Um poço de tesouros escondidos
Com o objetivo de explorar o potencial biotecnológico das cianobactérias de Portugal e de outras regiões do mundo, o trabalho de doutoramento do estudante Flavio Oliveira implicou no rastreio de mais de 40 cianobactérias de diferentes ordens taxonómicas que permitirá correlacionar a sua evolução com o seu perfil de ácidos gordos. Para isso, posicioná-los corretamente em níveis taxonómicos é essencial: “A descrição de novos géneros permite uma melhor compreensão dos grupos taxonómicos, da evolução das cianobactérias, mas também a bioprospecção de novas moléculas por elas produzidas”, explica Flavio Oliveira, estudante de doutoramento do CIIMAR e da FCUP. Estas cianobactérias já fazem parte da coleção de culturas Blue Biotechnology and Ecotoxicology Culture Collection (LEGE-CC) e estão a ser estudadas em diferentes linhas de investigação de diferentes grupos do CIIMAR.
Segundo Guilherme Scotta Hentschke, co-autor deste artigo e parte da equipa da coleção de culturas de cianobactérias do CIIMAR, “desde 2023, já identificamos 7 novos géneros de cianobactérias portuguesas, que já foram publicados ou estão em processo de publicação. Além disso, a LEGE-CC possui centenas de estirpes portuguesas que ainda aguardam uma análise taxonómica mais detalhada. Muitas dessas estirpes são, de fato, desconhecidas para a ciência.”
Utilizando análises morfológicas, ecológicas e de biologia molecular, o trabalho “Exploring the cyanobacterial diversity in Portugal: description of four new genera from LEGE-CC using the polyphasic approach” fornece uma atualização importante sobre a resolução das ordens Chroococcales, Acaryochloridales e Nodosilineales. “Estas amostras não só ampliam o conhecimento sobre a biodiversidade do país, mas também representam uma valiosa matéria-prima para estudos biotecnológicos, com potencial para gerar patentes ou produtos no futuro” explica Guilherme Scotta Hentschke.
É de salvaguardar, porém, que a biodiversidade de cianobactérias portuguesas estudada está longe de ser totalmente conhecida. Segundo os investigadores, “ainda existem muitas cianobactérias por serem descritas e que poderão resultar em novos géneros. A diversidade encontrada até agora ainda é subestimada.” Há, portanto, ainda muito por descobrir.
A homenagem ao director do CIIMAR
A atribuição do nome a uma nova espécie tem algumas regras, mas pode ser, em parte, um processo criativo. Tendo em conta o impacto do trabalho do investigador Vítor Vasconcelos que iniciou em 1991 a coleção Blue Biotechnology and Ecotoxicology Culture Collection (LEGE-CC), o grupo de investigadores envolvidos neste trabalho resolveu atribuir o nome Vasconcelosia a um dos géneros de cianobactérias descobertos homenageando assim o atual diretor. Escolheram ainda uma das espécies descobertas dentro deste género para remeter à origem de Vítor Vasconcelos, natural do Minho, atribuindo-lhe assim o seu nome completo Vasconcelosia minhoensis.
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